17/04/2025Mulher Selvagem: Qual a relação entre “mulheres” e “lobos”?O título do livro “Mulheres que correm com os lobos” foi
inspirado no estudo da autora, Dra. Clarissa Pinkola Estes sobre a biologia de
animais selvagens, em especial os lobos das espécies Canis lupus e Canis
rufus. Ela observou que lobos saudáveis e mulheres saudáveis
compartilham características psíquicas em comum: “...percepção aguçada, espírito brincalhão e uma elevada capacidade para a devoção. Os lobos e as mulheres são gregários por natureza, curiosos, dotados de grande resistência e força. São profundamente intuitivos e têm grande preocupação para com seus filhotes, seu parceiro e sua matilha. Tem experiência em se adaptar a circunstâncias em constante mutação. Têm uma determinação feroz e extrema coragem.” (2014, p. 16)
A Dra. Estes ainda nos provoca a seguinte reflexão: “No entanto, as duas espécies foram perseguidas e
acossadas, sendo-lhes falsamente atribuído o fato de serem trapaceiros e
vorazes, excessivamente agressivos e de terem menor valor do que seus
detratores.” (2014, p. 16)
A partir desta correlação, entre lobos, mulheres, natureza
e tudo o que envolve a psique humana, a Dra. Clarissa desenvolve sua obra
condensando anos de experiência clínica como psicóloga Junguiana e nos
apresenta, em sua obra, o arquétipo da Mulher Selvagem.
O conceito de Arquétipo é um dos mais
complexos da psicologia analítica desenvolvida por Carl Gustav Jung. De uma
maneira bem “simplória”, os arquétipos são representações universais presentes
no Inconsciente Coletivo que atuam de maneira autônoma e são responsáveis pela
formação dos nossos padrões de comportamento. De acordo com a psicologia analítica
de Jung, a saúde mental depende de uma boa e equilibrada relação com os
arquétipos. Esta obra, Mulheres que correm com os lobos, provoca e evoca
a ideia de reconectar, nós mulheres à nossa natureza instintiva, em outras
palavras, propõe mediar a nossa relação com o arquétipo da Mulher Selvagem.
Selvagem, aqui neste contexto significa aquilo
que tem conexão com a vida. Aquilo que sabe o que é e faz bom uso do seu
próprio instinto e território. Não se trata de algo “feroz e sem controle”, mas é
sinônimo de autenticidade, liberdade, algo ou alguém conectado à natureza e em
pleno uso de seus dons e instintos. É um estado de integridade e
vitalidade que permite aos homens e mulheres viverem vidas plenas e
significativas. Para a Dra. Estes, a Mulher
Selvagem reside em todas nós e anseia para que nos aproximemos e nos relacionemos
com ela. Se observarmos nosso estado de
saúde atual é possível examinar se há sintomas de interrupção ou prejuízo no relacionamento com esta energia
psíquica: Aridez, fadiga, fragilidade, depressão, confusão, desestimulação, medo
exacerbado, falta de ânimo ou inspiração, vergonha e outros que limitam nosso
movimento e atuação na vida. Aqui vale ressaltar que esses sintomas são naturais e inerentes à natureza humana e que não é possível simplesmente eliminá-los. O convite é identificá-los como sinais de prejuízo para que possamos “ajustar” a rota de volta para nossa essência mais profunda. Reserve um momento para seu auto exame
e identifique se algum desses sintomas se fazem presentes, quais são eles ou se
há outros – sim, podem haver outros “ladrões” de energia psíquica – siga sua
auto observação e reflita sobre o quanto estes sintomas estão prejudicando a
saúde das suas relações. Uma vez compreendida que esta natureza,
a Mulher Selvagem é um ser autônomo atuante em nós, se quisermos nos beneficiar
do que ela oferece, precisamos nos dedicar intencionalmente a observar nossos
pensamentos, sentimentos e considerar corretamente os fatores íntimos e culturais
que nos debilitam.
“Uma psicologia que ignore esse ser espiritual inato, central à psicologia feminina, trai as mulheres, suas filhas, netas e todas as suas descendentes futuras. ... para que se corrija o relacionamento com a Mulher Selvagem, será necessário classificar corretamente os distúrbios da psique.” (2014, p. 23) Será que você está exausta ou
distante demais da sua própria natureza? A Mulher Selvagem nos convida e aguarda,
as vezes pacientemente, outras vezes de maneira voraz para que nos aproximemos e
aprendamos com ela as seguintes posturas:
A medida que vamos aprofundando o
relacionamento com a Mulher Selvagem, ela nos oferece uma observadora interna
permanente: uma sábia, visionária, intuitiva, criadora e ouvinte que nos guia e
estimula a ter uma vida vibrante. Ela se apresenta por meio de histórias,
sonhos, palavras, canções e símbolos para que possamos ver com os olhos da
nossa própria intuição. Aproximar-se desta Natureza
Instintiva não significa desestruturar-se, mas sim delimitar territórios,
encontrar a matilha, ocupar e habitar seu próprio corpo com segurança, falar em
defesa da sua própria verdade e despertar a consciência para uma vida mais conectada. Como já dito anteriormente, a Mulher
Selvagem aguarda, as vezes pacientemente, outras vezes de maneira voraz... Voraz que ter uma fome intensa por algo. E você alma corajosa, ultimamente,
tem sentido fome do que? Mulher, conecte-se aos seus
instintos.
@projetoalcateia.ifabicauneto ... Sobre Fabi Cauneto Há 20 anos, estudiosa do livro
“Mulheres que correm com os lobos” bem como outras obras da Dra. Clarissa
Pinkola Estes
... Acompanhe meu trabalho por aqui e nas redes sociais Para participar do Projeto
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outras informações relevantes do Projeto Alcateia. Link: https://chat.whatsapp.com/LgkpkdY5NBBLcyHPueXwIJ ... REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESTES, Clarissa Pinkola. Mulheres
que correm com os lobos: Mitos e histórias do arquétipo da Mulher Selvagem.
1. ed.: Rocco, 2014.
JUNG, Carl Gustav. Obra
completa de C.G. Jung. 1875 - 1961: Vozes, 2011. |
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